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terça-feira, 9 de junho de 2015

Em busca de recorde no Guangzhou, Elkeson só sai de for para Europa


O que leva um jogador de um grande clube brasileiro a atuar na liga chinesa? A resposta é quase automática: uma boa proposta financeira. Exemplos não faltam, de Darío Conca a Aloísio, passando por Montillo e até o técnico Cuca. Certamente, Elkeson, revelado pela escola de futebol Camisa 10, em Marabá, e ex-jogador de Vitória e Botafogo, foi ao país pelo mesmo motivo, mas, em dois anos na Ásia, encontrou motivações esportivas para preferir os gramados asiáticos ao badalado Brasileirão.
 
Aos 25 anos, o atacante deixou o Alvinegro em alta e rumou para o Guangzhou Evergrande em 2013. Em pouco tempo, ganhou identificação com o clube e, mesmo com o mercado receptivo no Brasil, vê motivos para seguir atuando na China, onde já conquistou duas vezes o campeonato nacional e foi campeão asiático. A principal razão é uma marca prestes a ser alcançada: ser o maior goleador da história do clube, deixando para trás Muriqui, que tem 78 gols em 124 jogos - Elkeson marcou 70 vezes em 80 partidas.
 
- Meu objetivo é ser o maior artilheiro da história da equipe. Para o próximo ano, é ser campeão e artilheiro da Champions e ser campeão chinês. E, claro, vou tentar novamente ser artilheiro do Chinês. Meu pensamento é continuar. Tenho mais dois anos de contrato, e o clube já iniciou as conversas para renovar o contrato - disse por telefone o brasileiro, eleito o melhor jogador do campeonato neste ano.
 
Apenas uma oportunidade em uma das grandes ligas europeias o faria mudar de ideia quanto a seguir na China. E isso quase aconteceu no meio deste ano, quando teve propostas, além de clubes dos Emirados Árabes, de uma equipe italiana. O Guangzhou recusou, pois acabara de vender o também brasileiro Muriqui. Elkeson não ficou chateado, mas, sim, feliz por ter sido procurado.
 

Elkeson comemora gol com Eweton Ribeiro
 
- Eu estou contente no país, mesmo com todas as dificuldades, a distância da família e das pessoas que a gente gosta. Mas tenho que pensar no meu lado profissional. Se chegar um clube da Europa, quem sabe eu possa ir. Voltar para o Brasil seria um erro da minha parte. O Brasil é bom para você passar férias, curtir a família - sentenciou.
"hora extra" para ficar em vantagem

Elkeson chegou ao Guangzhou com a moral de ter sido a primeira contratação indicada por Marcello Lippi, técnico campeão do mundo com a Itália em 2006 que assumiu o time chinês no ano passado e deixou o cargo ao fim da última temporada. Logo começou a assumir o papel de artilheiro, manteve nos últimos dois anos, independentemente de ter que mudar de função no campo pelas trocas ocorridas no elenco.
 
- Esses dois anos serviram para eu me posicionar melhor. Procurei trabalhar fundamentos de finalização, trabalhei bastante movimentação. No começo, eu jogava centralizado, mas tinha total liberdade para trocar com Muriqui e Conca. Quando o Muriqui foi vendido, chegou o Gilardino, que é centralizado, e aí passei a fazer a função que era do Muriqui, aberto pelo lado esquerdo. Sou um jogador de frente, independente da posição. O importante é você estar bem fisicamente e estar no lugar certo, no momento certo para fazer o gol.
 
E a boa forma física é apontada pelo atacante como o grande trunfo para que ele "sobrasse" diante dos defensores, sendo artilheiro das duas últimas edições do Campeonato Chinês - em 2013, foram 24 gols e no ano passado, 28. Como o costume no país são treinos apenas em um período, no fim da tarde, Elkeson deu um jeito de fazer hora extra: chamou um amigo preparador físico e iniciou trabalho específico três vezes por semana.
 
- A primeira coisa que fiz foi convidar meu amigo Alex Fernandes para trabalhar comigo no Guangzhou. Soube que os treinos aqui eram uma vez por dia e o chamei para fazer um trabalho específico de musculação, funcional. E nesses dois anos tem dado muito certo, pois não tive nenhuma lesão muscular. Tenho vontade de crescer e evoluir como atleta. Hoje tenho pensamento totalmente diferente quanto a isso - afirmou, elogiando o profissional ex-Vitória, que foi integrado à comissão técnica do Guangzhou em 2014.
 
Atacante está a oito gols de se tornar o maior artilheiro da história do clube (Foto: Reprodução / Facebook)
 
futuro com cannavaro e esperança por convocação

Na próxima temporada, o artilheiro terá como treinador mais um campeão mundial em 2006, o ex-zagueiro Fabio Cannavaro, eleito melhor jogador do mundo naquele ano. Indicado por Lippi, o italiano dará seus primeiros passos como técnico no Guangzhou, e Elkeson acredita que sua função será dar continuidade ao trabalho iniciado pelo veterano, que se aposentou da função e agora é diretor técnico do clube.
- O Cannavaro continuará o trabalho, pois toda a comissão vai continuar. Ele foi um grande jogador, e agora está iniciando uma nova carreira. Esperamos contribuir, ajudá-lo. Sei que será muito bem-vindo. Será um ajudando o outro. Temos que fazer nossa parte em campo, ouvindo as orientações - disse o brasileiro, que tem a expectativa que os também italianos Diamanti e Gilardino estejam ainda mais à vontade no próximo ano, depois de uma temporada de adaptação, aumentando o poder de fogo do time.
Aos 25 anos, o atacante não acredita estar "escondido" da seleção brasileira atuando no futebol chinês. Com idade compatível com a renovação do time comandado por Dunga, Elkeson - que foi chamado por Mano Menezes em 2011 - acredita que a visibilidade da liga chinesa é bem maior hoje em dia e seus números podem representar o suficiente para ser lembrado.
- Acredito que quando você faz muitos gols na sua equipe, sempre tem alguém observando seu rendimento, tem a expectativa de ser lembrado. Eu tenho esperança de ser convocado novamente, pois o Dunga está dando oportunidade para muitos jogadores, convocou jogadores do Shakhtar, do futebol alemão. O importante é você estar bem no seu clube. Óbvio que fica um pouco mais difícil do que se tivesse no Brasil ou na Europa, mas tenho que continuar conquistando títulos e fazendo gols - encerrou.